terça-feira, 7 de dezembro de 2010

demasiadamente

procurar, não encontrar, procurar. medo, sono, preguiça, fome. cantar, gritar e suar. rir, rir, rir. assistir, ler, ouvir.  viver dormindo.

domingo, 5 de dezembro de 2010

sustentável

sentindo a leveza, apesar de ter que viver o peso. em meio à árdua tarefa, a interrupção da fluidez dos sonhos. no ar, a solidez do corpo. na cabeça, a leveza do pensamento. na cama, a dureza do viver. no chão, a vontade de pesar. no estômago, a vontade do pesar. no olhar, a inflexibilidade das palavras. nos ouvidos, o penar do tempo. no momento,  leve sono. no amanhã, doce pesar.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

CALEM A BOCA, DOIDO

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

não consigo acreditar
na crueldade do destino
incrível a má sorte
o desejo consumido
sumido
consigo não acreditar
na inevitabilidade da derrota
nas palavras mortas
na vontade transcendente
consigo ainda acreditar
no que é meu

vem

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

te odeio portugal

quando:

sou intrusa no meu próprio quarto. são pessoas entrando, saindo, batendo a porta, sentando na minha cama, cantando raps e gritando nos meus ouvidos coisas que não me interessam. GLÓRIA DEUS, eles se foram. mas voltam.

o chuveiro não funciona (todo dia). a água quente queima minha pele, a água gelada congela minhas mãos. não existe meio termo. movimentos milimetricamente pensados e, enfim, a água quente acaba. tchau, sensibilidade.

o chão vira cabelo, a parede vira mofo, o céu vira mar, ar, vendaval, a terra, movediça.

as palavras são insignificantes. não importa o que é dito, várias vezes repetido, acompanhado de gestos e gráficos. eles simplesmente não entendem.

não consigo me desvencilhar de uma realidade mesquinha, de coros, coros, muitos coros sem voz.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

a little bit

vontade de sumir, de voltar, de sair e gritar. VOLTA, MUNDO.

continua

extremos. distância, saudade, muita gente, poucos amigos, euro, pobreza, línguas, atrofia, frio, calor, vontade, preguiça, dúvida, dádiva. cá estou, no lugar onde só a fome é eterna.

não sei o que dizer. depois de dois meses, o vazio ainda é constante. enriqueci de algum modo que desconheço. aprendi a posição dos países, a nacionalidade e as moedas correspondentes, acompanhei o outono, reclamei do calor e enlouqueci no frio. atrofiei meu cérebro e recuperei minha visão.

as grandes novidades são velhas descobertas. o feijão com caldo, o arroz escorrido, o cachorro com pinta nos olhos, a escrita desafiadora, as conversas com os velhos amigos, o amor dos grandes amores. a praia. a lajota gelada. a primeira sensação de chegar em casa é a lajota.

as grandes músicas e os grandes livros. e os filmes. esses levo muito grata ao desenvolvimento europeu.

as pessoas. deixo aqui, sem pesar.

as letras. quero conseguir levar. sou elas sem sentido nesse início de mundo.

sábado, 20 de novembro de 2010

que saudade da minha vida!
quero (re)fazer minhas amizades e tudo que tenho direito. ahh, um perdão pela minha negligência, que nem importa mais. queria fazer tudo valer a pena de novo. e abrir essa cabeça, tô cansada.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

nem sei o que dizer, que desgraça
eu aqui, morrendo sem saber o que fazer, e os outros vivendo
ai

vazio

difícil descrever o que não existe. talvez tanta fome seja só um motivo pra voltar pra casa. sinto que esse não é o meu lugar, não consigo viver nele. os meus dias acontecem em outro plano. tudo bem, é uma boa oportunidade, mas ainda não encontrei onde. esse estado contemplativo infinito não me deixa ser quem eu sou. não sei o que fazer, sinto tanta falta de mim. de encontrar todos em mim. a verdade é que está sendo muito difícil, parece que não vou aguentar. sei que vou, mas até agora não parece.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

triste

dor. dor de partir, dor do novo, dor de barriga, dor de cabeça, até dor de dente. dor no peito. dor terrível do desconhecido, do costume necessário. dor do desapego, do apego demasiado ao que é meu e minha, meus e minhas. dor de mim, dói de mim. dói doidamente, essa pontada na cabeça. essa pontada que não passa, essa cólica que não passa, saudade antecipada que só cresce, vontade de sair fora, fingir que nada aconteceu e voltar a viver. que medo de sentir dor.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

broumim

é só juntar os opostos que vira poesia, até amor. vontade sem querer ganha vida. uma medonha coragem movimenta o corpo. o tédio inebriante da saudade sufocante. uma grande besteira, um punhado de palavras jogadas a esmo no teclado que ganham um sentido inesperadamente verdadeiro.

terça-feira, 8 de junho de 2010

azares (1)

começou com uma espinha no nariz. doeu, coçou, e acho que até, sarou. mas, um dia, entre dedos e bustelas, sangue. um sofrimento imperceptível, cumulativo e (quase) irritante. coceira septal, espirro matinal. uma conversa, um conselho e uma vontade: limpar o nariz.

domingo, 4 de abril de 2010

é de farinha, farinha que preciso. farofa de ovo. farofa pra farofa.

sexta-feira, 19 de março de 2010

atrofia

ah, como eu gostaria desse ócio todo dia. do ócio criativo, tempestivo. da vontade de pensar. queria esquecer todas as teorias, os números e as obrigações. dos comeres, escreveres, leres, assistires, falares, dormires, todos os viveres. ler o mundo e escrever o sentimento. ai, queria começar tudo de novo, pra ver o velho sendo novo. citar uns veríssimos, uns marquéz, uns cachorros, uns ônibus, uns seres de pensares. mesmo sendo ilógica, isso faz lógica no final.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

sem título

é só um pouco de melancolia que vem pela noite
de manhã passa com as tarefas do dia, a sonolência e o mau humor
não importa mesmo, não se importam, muitas vezes
pode ser frieza, calculismo ou impotência
mas parece que o melhor remédio é não ligar
não faz mal, porque muitas pessoas não entendem e nunca vão entender
ainda preciso do vazio

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

ainda falta um pedaço de mim, quero tudo de volta
não quero falar com ninguém, só quero as pessoas de sempre
assim, rodeando
nem festas, pancadões, bagaçagens
só um bom ombro

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

velho

tô precisando de um passado
mas assim, um passado colado no presente
de uma vida só, a dois e de muitos
rir de coisas novas com gargalhadas velhas
de viver os projetos de dois anos atrás

a verdade é que dói pensar
que o passado te esqueceu
pelo egoísmo do presente

ah, que falta de trabalho e de zelo
isso que dá não exercitar
essas coisas antigas