terça-feira, 19 de setembro de 2006

Ensaio II - Da insegurança à dependência

Neorebeldia

A tecnologia nasceu do homem para o homem. A cria de pé dos seres pensantes veio para tornar-se escrava daqueles que a pariram, desvendando mistérios, quebrando tabus e redefinindo a idéia de conforto; todavia, uma mutação gênica, trouxe à tona um monstrinho que, por vezes, contradiz o objetivo inicial e faz dos seus pais de proveta, bonecos de trigo.
Parece-me que já não vivo mais sem o meu computador. A tela pálida, as letras salientes e o cheiro de silício acolhem os meus sentimentos, alimentam minha curiosidade e aumentam meu círculo social. Será? Ao pensar em alguns anos atrás, antes de ter qualquer tipo de dependência neocientífica, não recordo do três-em-um geométrico. Lembro sim, dos amigos para todas as horas que acolhiam meus sentimentos, da minha curiosidade saciada pelas informações recolhidas na biblioteca e das reuniões em lares amigos que reforçavam os laços de amizade.
Aconteceu: A criança cresceu, rebelou-se e devolveu com um tapa na cara. A verdade é que a prestação de serviços mecanizada mecanizou nossas vidas. Com a tecnologia a nosso favor, sofremos os contras de um mundo técnico-científico-informacional. A possibilidade de novas formas de contato entre pessoas defasou as antigas e aumentou o número de psicólogos.
Atrelada a minha maquinaria, esqueço a realidade e participo do mundo virtual que, hoje, é real. Tudo que necessito está ao alcance de um cômodo clique. Não falo, digito; não penso, absorvo; não sinto, crio símbolos. A Maria Teresa Fornaciari disse em “Tempo, tempo” que atualmente temos a possibilidade de vivermos cada vez mais, porém, vivemos cada vez menos. Discordo. Não vivemos faz tempo, apenas funcionamos.
Só nos restam duas opções: Ou rebatemos com o cinto, na tentativa de apaziguarmos os ânimos


---------------

não tenho culpa. virei viciada. só penso mechendo os dedinhos agora.

Um comentário:

  1. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

    ResponderExcluir