segunda-feira, 20 de setembro de 2021

a vida, ela é tão complicada

olha, é o seguinte: eu tô ficando encaralhada com esses passarinhos no fundo. isso aqui não dá pra mudar não. e olha que eu lembro quando eu mudei isso aqui. não gostei, não combina comigo, mas eu não consegui mudar e acabei deixando pra lá. e cá estou eu me deparando com problemas tão antigos quanto esse, essa poeira toda que eu varri pra debaixo de um caralhau de tapete e agora, mano, tá foda de limpar.

meu propósito aqui nesse mundinho azul e bege, irritante, é escrever um monte de merda, de alguma forma, ficar sozinha com meus pensamentos. me dar conta do que eu quero e posso. e me dar conta do que não dou conta, como esse fundinho escroto.

então, bora lá. trinta e um anos na cara. me sentindo estranha nesse mundo. sem saber onde me encaixar. o que fazer primeiro. tentando pensar que eu não perdi tempo. e tentando não perder agora. mas perdendo, claro. apesar de achar o ócio uma coisa muito importante, fundamental, e amar isso e amar a ideia de amar isso também. mas, voltando. tentando pensar em fazer algo, não só o ócio, e, simplesmente, acho que pela primeira vez na vida, não saber o que fazer nem como dar o próximo passo. 

a minha vida tá aqui, tá posta. mas não consegui me acostumar a ela ainda não. parece assim, uma roupa nova que eu queria muito, há muito tempo, comprei, vesti e achei esquisita, incomodando assim no bucho, apertando a gordura que ganhei no braço. parece assim, quando tiro férias e vou pra casa dos meus pais e tá tudo igual como sempre foi, mas eu acho o colchão desconfortável, acho a casa quente, começo a reparar em coisas que antes eram tão banais. parece que eu tô aqui, de alguma forma, mas não completa. me enxergo aqui, mas distorcida. parece assim, a cabeça não acompanhou o presente. a cabeça ainda tá presa a um passado, de quando eu tinha aquele corpo, de quando eu me acostumava com aquelas coisas, mas o presente me deu outro corpo (não exatamente um presentão esse), me trouxe novos hábitos, que não combinam com aquela cabeça do passado. parece assim, que eu me vejo como eu era, o que eu queria, como o rascunho que eu deixei aqui há uns anos atrás, li e percebi que eu continuo querendo exatamente as mesmas coisas, mas talvez de uma forma diferente, que meu deus do céu, eu não sei qual é, senhor. 

falar e escrever sempre me trouxeram clareza mental, eu achava. mesmo que pros outros fosse extremamente confuso o que eu falo e escrevo, mas a verdade é que eu não falo pra eles não, sempre falei pra mim. e achando que tava abafando, lógico. achando que depois de meia hora de conversa solitária eu já tinha solução pros próximos cinco anos. mas, mano, tá foda. porque, olha, fiquei até rouca. e aquela poeira debaixo do caralhau de tapete, parece assim, que só joguei uma aguinha pra limpar e virou uma lama, que meu pai amado. 

por enquanto eu me rendi ao automatismo da vida, porque precisa, né, pra vida funcionar. precisa lavar uma loucinha, limpar um cocôzinho, dar uma estressadinha no trabalho, assistir uma sériezinha. precisa também dar uma exercitadazinha, porque subir essa escada duas vezes já me dá uma canseira. pandemia do cão essa. mas esse automatismo que eu sempre odiei, eu tô rendida a ele, mas ele também tá me estressando. eu tô fazendo as coisinhas, mas não é feliz não. e a doida da psicóloga, te acho doida não, te acho maravilhosa, é só jeito de falar. a doida da psicóloga que me diz, na minha lata, que eu não sei como é esse negócio de ser feliz não. que eu não sei que negócio é esse de estar bem. quebra qualquer um né? tô vivendo errado desde o primeiro dia, então. como que é o certo? a safada não me responde. eu sei que ela não sabe. 

essa merda de escrever não tá me ajudando não. eu pensei em escrever: bom, vou parar por aqui pra dar uma pensada ali. mano. fazendo o quê aqui então se não é pra pensar? então vou ali limpar o cocôzinho das gata, que o da minha vida tá difícil de limpar. só mais uma nota mental: que eu tô rindo, porque, se não disser isso, tudo aqui parece muito melodramático. rir pra não chorar, né. ó, de novo. adicione risos.

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